Conhecer: Atelier Suenaga & Jardineiro
Meu último passeio pelo Vale Foto Clube tinha sido em julho de 2009, quando fizemos uma visita no final de semana de 25 a 26/07 à cidade de Cunha/SP. Local este muito conhecido no cenário nacional por conta de suas belíssimas e tradicionais cerâmicas.
Tirando o fato de ter ficado afastado da internet pelos motivos citados aqui, acabei perdendo as fotos digitais realizadas neste encontro. Cansei de revirar minhas máquinas, DVDs e dispositivos de armazenamento e não encontrava. Achava apenas as fotos feitas em 35mm, ao qual havia digitalizado. Mas para minha felicidade, encontrei ontem essas imagens no meu computador de trabalho e resolvi agora postar uma sequência, dentro da coluna Conhecer, sobre os atelies que visitamos, com uma pinceladinha superficial das técnicas e formas como elas são feitas.
Nesta primeira postagem, vou mostrar um pouco da cerâmica do Atelier Suenaga & Jardineiro, um dos mais influentes e conhecidos da cidade e que utilizam a técnica de queima "Noborigama". Todas as fotos que verão a seguir foram feitas neste lugar.
Em japonês, nobori significa rampa e gama, forno. Algo como "forno em rampa" ou "forno ascendente". Nas fotografias é fácil identificá-lo pela forma como se dispõe.
Foi a forma mais eficiente para alta temperatura na era pré-industrial. Consiste basicamente em uma sucessão de câmaras interligadas em patamares, garantindo um controle localizado da temperatura e uma economia de combustível, pelo aproveitamento do calor usado na câmara anterior.
Os fornos em rampa permitem a queima simultânea de grande quantidade de peças com variações que a naturalidade do fogo de lenha imprime.
O maior problema dos ceramistas japoneses talvez seja hoje a falta de lenha para alimentar os fornos noborigama, fundamentais para a criação de peças originais.
Em algumas regiões do país é proibido queimar madeira. Problema sério para a tradição que em alguns casos está na décima-quinta geração, como Tashiro Seijuemon.
Por isso um grupo resolveu vir para o Brasil nos anos 1960. O forno noborigama precisa ser construído em terrenos com declive, pois é formado de diversas câmaras interligadas, numa rampa em geral ladeada por escada. O forno de Suenaga e Jardineiro é um dos mais belos de Cunha, bem como os trabalhos apresentados por eles, ficando bem destacados nas fotografias.
Um grupo de ceramistas japoneses instalou-se no antigo matadouro da cidade de Cunha, no Vale do Paraíba paulista. Em meados dos anos 1970 começou um movimento criativo que aos poucos encampou artistas locais.
A prefeitura de Cunha cedeu o antigo matadouro para o ateliê ser montado. Os japoneses buscavam lenha, matéria-prima essencial para a queima noborigama. No Japão eles usavam até lenha artificial, um pó de madeira prensado.
O grupo encontrou em Cunha a lenha, o barro e a hospitalidade que procuravam. Da troca de conhecimento e do convívio nasceu um polo de cerâmica criativa.
No forno noborigama a temperatura chega a mil e trezentos graus centígrados. Línguas de fogo são lançadas de módulo em módulo, à medida em que a temperatura sobe. Quando termina a queima, é preciso esperar vários dias até que esfrie.
O contato prematuro com o ar pode quebrar as peças. Uma fornada exige meses de trabalho. Por isso sua abertura é uma festa ansiosamente aguardada. Turistas e principalmente fotógrafos de várias partes do Brasil vão a Cunha todos os anos para acompanhar a abertura destes fornos.
Gilberto Jardineiro e Kimiko Suenaga são proprietários deste atelier, onde desenvolvem também objetos artísticos e utensílios cotidianos. Usam forno à lenha Noborigama, de quatro câmaras.
Kimiko Suenaga é nascida no Japão. Manteve atelier de cerâmica com forno a gás em Tóquio até 1984, quando se mudou para o Brasil. Montou atelier em Cunha e, influenciada pela exuberância da natureza e diversidade cultural, passou a desenvolver pinturas e esculturas. Participou da Mostra Aberta de Cerâmica do Bunka, Projeto Arte Litoral Norte e Prêmio Salão Nacional de Cerâmica de Curitiba. Exposição Individual Galeria SESC Paulista. Exposição Individual Galeria Yamanashi, Japão, julho de 1999.
Gilberto Jardineiro é nascido em São Paulo e cursou História na USP. Trabalhou como fotógrafo, assistente de direção de cinema e redator. Viveu três anos na Suécia e iniciou-se em cerâmica no Japão, onde permaneceu por cinco anos. Montou atelier de cerâmica em Cunha, em 1985, com forno a lenha Noborigama. A partir de 1988, introduziu a abertura de fornada com exposição das cerâmicas no próprio atelier, atraindo um público culturalmente interessado que passou a visitar os ateliês da cidade, transformando Cunha em polo de cerâmica artística conhecido no país e no exterior. Participou do Grupo Take, Projeto Arte Litoral Norte, Salão Nacional de Cerâmica de Curitiba e Workshop no Arco, em Lisboa.
Suenaga e Jardineiro são pessoas extremamente simpáticas. Receberam muito bem a equipe de fotógrafos do Vale Foto Clube, dedicando total atenção, prestando informações valiosíssimas de todo o processo de criação das obras. O pessoal ficou bastante entusiasmado e criaram fotografias lindíssimas do lugar. Para vê-las, basta acessar a galeria do grupo.
Para conhecer mais sobre o Atelier Suenaga & Jardineiro, basta visitar o site: www.ateliesj.com.br
Fontes dos textos:
- A Cerâmica tradicional japonesa em Cunha - Por Celso Nogueira
- Noborigama de Cunha - Informações essenciais
- Artesanato nas cidades históricas brasileiras
1 Comentário:
Olá !!! Amigo Rodrigo.
**** EXCELENTE TRABALHO !!! ****
**** APRESENTAÇÃO MUITO BEM FEITA, ATRAVÉZ DAS BELÍSSIMAS IMAGENS E DOS TEXTOS ELUCIDATIVOS REFERENTE A ARTE CERÂMICA DE ALTA TEMPERATURA !!! ****
**** TUDO FEITO COM EXTREMO BOM GOSTO E COM A QUALIDADE QUE É PECULIAR A SUA PESSOA !!! ****
**** PARABÉNS !!! ****
Um Forte Abraço !!!
**** Laduro Jeans ****
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